Vamos utilizar o blog do NTE para conhecer mais um pouquinho sobre as possibilidades pedagógicas de um blog.
Blogs têm
sido amplamente empregados na condição de diários digitais, na
publicação de notícias e de outros gêneros textuais. Dessa forma, os
Blogs e fotologs (diários de fotos na web) permitem a qualquer pessoa
que se prontifique a mergulhar nos recursos oferecidos pela Internet
tornar-se um (a) autor (a).
Essa ferramenta, que nos permite publicar conteúdos na Internet,
se tornou muito popular por não demandar, para sua criação e
utilização, conhecimentos especializados em informática, inclusive
porque podemos fazer tudo isso de forma gratuita. Com ela podemos ter
nossa página na Internet, editando-a com muita facilidade.
Você vai ter a oportunidade de visitar este mundo dos Blogs,
vai compreender porque eles estão sendo tão importantes na vida de
muitos profissionais liberais, entre eles muito professores, jornalistas
etc. Essa ferramenta é muito utilizada na organização de muitas
comunidades e grupos de ativistas de vários setores. Você vai conferir
como é fácil criar o seu próprio blog. Além disso, vamos aprender a usar
os Blogs, neles publicando e interagindo.
Em uma
primeira análise, pode causar um certo estranhamento o fato de alguém
desejar publicar seu diário na Internet, visto que esse tipo de produção
costumava ser secreta, de forma a resguardar a vida particular. O que
motivaria uma pessoa a compartilhar a intimidade abertamente a
desconhecidos? E na Internet! Logo de saída, para o mundo todo!
O depoimento de uma blogueira (como são conhecidos os usuários dos Blogs), expresso no livro “Blog: Comunicação e escrita íntima na Internet” , de Denise Schittine, nos ajuda a esclarecer razões que justificam a popularidade dos Blogs:
“Como
definir o diário? (...) em primeiro lugar, um diário se escreve ao sabor
de tempo, é muito diferente das auto-biografias, memórias e outros
parentes próximos do gênero. O diário é observado dia-a-dia, mais ou
menos escrupulosamente, mas é sempre uma espécie de representação ao
vivo da vida.
Ter um diário íntimo também é algo difícil. É uma atividade que exige uma certa disciplina, que ordena a vida (...).Pessoalmente,
o que me anima é uma personalidade que eu classificaria como
“arquivista” e de colecionadora. Ter um diário íntimo é uma maneira de
colecionar os dias...Colocar-se no papel cotidianamente é também
uma nova maneira de se desnudar e de decifrar o próprio interior sem ter
que pagar uma terapia (...)
Alguns
relêem seus diários e se supreendem com o que escreveram. Outros não
compreendem mais nada. (...) Um diário é uma encenação, uma
representação de si. Nós somos a personagem principal de nosso diário.
Nós temos às vezes a tendência a escrever as coisas não como elas são,
mas como deveriam ser. Escreve-se para embelezar ou dramatizar a vida,
para lhe dar um sabor novo. O diário é, muitas vezes, um dos últimos
refúgios do sonho”. (SCHITTINE, 2004, p. 15)
O depoimento lido apresenta motivações bastante abrangentes. Em
primeiro lugar, é clara a função do registro em um blog como uma forma
de memória externa, que auxilia o autor a refletir sobre sua própria
vida, a repensar-se e a melhor compreender-se. Mas, e por que o
desejo de publicação? A autora trabalha a hipótese da sensação de
imortalidade. Historicamente, a escrita se estruturou como uma
possibilidade de registro de informações para as novas gerações, ou
seja, uma forma de deixar um legado, de não ser esquecido. Assim, ao
publicar textos na Internet, qualquer pessoa pode vivenciar a
experiência de fama e “imortalização”.
Mas, qual a relação desses aspectos com a educação?
Vamos, antes de começar a navegar e a conhecer bons Blogs, tentar
compreender as razões que estão levando diversos educadores a se
apropriarem dessa ferramenta como mais um recurso pedagógico.
Comecemos
com o relato de uma educadora, Nize Maria Campos Pellanda , que usa os
Blogs em um projeto educativo, com jovens do meio rural.
“Os
jovens, então, vão escrevendo suas autonarrativas nos seus Blogs. No
início do projeto essas narrativas eram muito pobres, porque reduzidas a
clichês muito simples do tipo: meu nome é fulano de tal, moro na cidade
tal, gosto de festas e de música. As reflexões sobre si estavam
completamente ausentes. Além disso, as sentenças careciam de estrutura.
Muitas vezes não havia pontuações e as frases emendavam uma na outra. Os
erros ortográficos eram a regra. Com o desenvolvimento do projeto, eles
vão se colocando mais nos textos e trazendo outros fatos do cotidiano
sobre os quais vão tomando posição. Começam a emergir idéias sobre
valores, sobre os próprios atos e opiniões sobre os outros. As frases
vão ficando mais estruturadas e diminuem os erros ortográficos, pois
eles, ao relerem seus textos, fazem algum tipo de estranhamento do tipo:
será que é assim mesmo que se escreve tal palavra? Perguntam para os
facilitadores que não respondem diretamente, mas sugerem que procurem
dicionários on-line.” (PELLANDA, 2006, p. 82),
Esse
depoimento lembra-nos Paulo Freire quando ele nos dizia que só é
alfabetizado aquele que é capaz de escrever a sua própria história: “Talvez
seja este o sentido mais exato da alfabetização: aprender a escrever a
sua vida como autor e como testemunha da história, isto é, biografar-se,
existencializar-se, historicizar-se.” (FIORI apud FREIRE; GUIMARÃES, 1987, p. 10).
Por que esta ênfase na escrita?
Porque
a compreensão e o domínio de uma linguagem não se adquirem apenas com
as atividades de leitura, são necessárias também as de autoria. O
nível de consciência que se atinge quando se está realizando uma
atividade criativa é muito maior do que quando estamos apenas numa
atitude receptiva. Essa consciência é um dos componentes mais
importantes do desenvolvimento do processo cognitivo: a metacognição .
Realizando atividades simples não chegamos a nos dar conta dos nossos
próprios processos de pensamento, só tarefas mais complexas exigem que
reflitamos a respeito de como as estamos realizando.
Antes de
ter ouvido falar em Blogs você deve ter ouvido falar a respeito dos
diários de aprendizagem. Já sabíamos que nos diários de aprendizagem os
estudantes sistematizam e relatam suas aprendizagens. Os diários de
aprendizagem são uma importante forma de registro e divulgação de
pesquisas e produções escolares. Pensem agora que o mesmo diário possa ser publicado em escala mundial. Quem não se sentirá valorizado? Com essa perspectiva vale a pena caprichar no trabalho, não é mesmo?
Mas, a
possibilidade da publicação não é o único aspecto diferente nos Blogs
(diários virtuais). A denominação “diário virtual” é incompleta para
abarcar todas as possibilidades e a diversidade de uso desse recurso.
Visitando alguns blogs educacionais poderemos ter uma noção mais evidente da sua utilização no meio pedagógico.
Então, vamos navegar na blogosfera?